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S. JOÃO DE TAROUCA - TAROUCA - VISEU


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
S. João de Tarouca é uma Freguesia Portuguesa, do Concelho de Tarouca, Distrito de Viseu.
S. João de Tarouca seria, se não tivessem desmantelado todo o edifício Monástico pedra por pedra, após a extinção das ordens religiosas, o mais importante edifício monástico de Portugal (esta é a minha opinião pelo que vislumbrei). Seria uma colossal obra religiosa, pela grandeza, pelo pragmatismo, pelo sumptuosidade, e por aquilo que nos deixa na imaginação, vendo o que resta, e conhecendo as origens pela história. Este foi o 1º Mosteiro masculino Cisterciense em Portugal. Magestoso, e  Colossal.



Mesmo assim, e apesar do saque a que foi sujeito em todo o espólio, seja o edificado seja o relicário, mesmo assim pela amostra que ainda foi preservada, dá-nos a ideia da riqueza histórica e patrimonial que possuía esta ordem religiosa, que primeiramente pertenceu à ordem de S. Bernardo e depois à ordem de Cister. Foi um erro crasso a extinção das ordens religiosas, e da forma como foram abandonados os espólios que hoje seriam de uma riqueza incalculável. É uma pena, mas faz parte da nossa parte negra da história.




                   HISTÓRIA:
MOSTEIRO DE S. JOÃO DE TAROUCA
Este Mosteiro, tal como o de Salzedas pertenceu á Ordem dos monges Bernardos. Data do século XIII a sua fundação e a ele anda ligado o nome de D. Afonso Henriques. Obra colossal no seu conjunto e interessante nas suas partes, é tão valiosa e notável que tem prendido a atenção dos estudiosos na matéria. Por mandado de S. Bernardo e seguindo o rito monástico do tempo, vieram ao Ocidente doze monges para fundarem a instituição que se regesse pela sua regra. Estabeleceram-se num pequeno vale, fértil e aprazível, cavado, quasi a prumo, entre serras alpestres, na junção de dois córregos-Pinheiro e Aveleira-que, fundidos, se vão juntar ao Barosa, dezenas de metros abaixo do Mosteiro.

João Froilaco, de Tarouca, foi o primeiro arquitecto destas obras; Boemundo, de França e João Cirita, português, os seus primeiros abades. A fama das virtudes dos monges, suas pregações e, sem dúvida, o ambiente religioso do tempo e os atractivos do lugar que habitavam, tudo concorreu para, em breve, se povoar aquela estância. A generosidade dos fieis, príncipes e reis não se fez esperar. Afonso IX de Leão, Rainha Santa, D. Sancho I, D. Afonso III, D. Diniz, D. Pedro, conde de Barcelos, D. Urraca e seu marido Pedro Anes, foram algumas grandes figuras a fazer importantes doações ao Mosteiro.



Tinha herdades em muitas localidades e era padroeiro de várias igrejas, mas o maior rendimento vinha-lhe da quinta de Mosteiró segundo o cónego Rui Fernandes, era de: 800 arrobas de sumagre, 15 mil almudes de vinho, 2500 de azeite, 1000 de centeio, 600 de castanhas, 300 cargas de cerejas e 300 de outras frutas. Com tão colossal rendimento chegou até 1834, ano em que foi extinto por D. Pedro IV.



Eis o que nos diz a história sobre o mosteiro de S. João: Não é possível dar pálida descrição da sua traça enorme com o que resta dele. Diz o Ab. Vasco Moreira: Era majestoso! Vimo-lo, em pé, no início do século, paredes nuas é certo, mas de pé, janelas mutiladas, ferros torcidos, traves partidas e o chão coberto de destroços. Um longo dormitório, ao norte, de mais de 150 metros de comprido, com muitas celas; corredores e salas a nascente; hospedarias e farmácia ao poente; a torre e a Igreja ao sul; no meio o grande e pequeno refeitório, a sala do capítulo e os claustros: era o convento.
 
No centro do pequeno claustro, destinado aos hóspedes, tão elegante e artístico, erguia-se uma obra de arte, célebre pelos protestos que ocasionou a sua inauguração entre a comunidade monástica. Destoava daquela casa religiosa pelo seu flagrante realismo: era a fonte das sereias. A Fonte das Sereias! Entre renques de verde murta, erguia-se acima da copa arredondada dos loureiros e emergia de enorme tanque, orlado de estatuetas. Foi obra vinda de Itália, que o abade, em contacto com a côrte pontífica quiz adquirir.

Embriagado das belezas da Renascença, então em plena grandeza, ambicionou, no seu convento, alguma coisa que lhe recordasse a divina arte. Era de mármore e tão linda que a envolveu a lenda! Coroavam-na três sereias, que lhe deram o nome, jorrando água dos peitos intumescidos. O próprio Pontífice a encomendou ao célebre artista João de Bolonha. Mas essa circunstância não era carisma que a recomendasse à totalidade dos monges: os mais piedosos e castos não queriam aquilo na casa do senhor.


Três sereias nuas, formas voluptuosas, seios nus, comprimidos por alvas e delicadas mãos a fim de os mamilos jorrarem, com mais força, a água cristalina! Podia lá ser? Era um escândalo para os monges e donatos do mosteiro. O caso foi levado a capítulo e ali o D. Abade atalhou a tais escrúpulos com exemplos de igrejas, laivadas da arte pagã. E, contra elas, não se erguera uma voz; só ali se protestava! Não havendo razões a convencer os protestantes e defensores da moral do claustro, o Abade, enérgico e decidido, contra a vontade geral, inaugurou a Fonte das Sereias, que tantas décadas viram de pé e cujas camarinhas, rolando na enorme taça marmórea o sol da manhã tantas vezes irisou.



IGREJA DE S. JOÃO DE TAROUCA

É a maior glória edificada pelos monges Bernardos, esta igreja, dentro de cujas abóbadas souberam aliar a riqueza a um requintado gosto artístico. Ergue-se ao sul das ruínas do extinto mosteiro. Pela admirável escultura e pelos seus quadros formosíssimos, azulejos e, históricos túmulos, é, sem dúvida, uma das mais notáveis do país. É monumento nacional. A fundação deste templo data do princípio da monarquia(1157). A arquitectura do templo, tal como hoje se ergue no vale de S. João, obra do século dezasseis até ao princípio do século XVIII.


Interiormente, esta igreja é como um museu em que o fino gosto do seu recheio se alia à boa disposição das partes. Tem dez altares todos (excepto dois), da mais pura renascença. O seu coro de pau santo, e a teia de incrustações metálicas singelamente buriladas; o seu órgão de elegante e majestoso frontispício e um dos púlpitos, com docel cravejado de estrelas de metal, ladeando uma pomba, são joias raras. O altar de N. S. da Piedade e o de S. Pedro, pelas suas belezas arquitectónicas, pela sua maravilhosa decoração e pelos quadros que os completam, devem ser os melhores deste templo, e dos mais notáveis do país. Como coroa escultural deste templo, dois ricos e artísticos candelabros pendem das abóbadas.


Todo este conjunto a arte ali se afeiçoou. A luz coada dos pequenos vitrais e da enorme rosácea, banhando as formas brandas das imagens e o ouro dos altares, completa o ambiente místico donde parece sair uma voz doce que nos diz ali: «ajoelha e ora». Como se estas lindas jóias, fossem poucas ainda, para fazer avultar esta obra, entre as elegantes colunas deste altar, avulta o célebre Políptico da Virgem. É obra do século XVI, de escola portuguesa de pintura antiga atribuído a Gaspar Vaz.


Quadro de S. Pedro. No altar do mesmo título, está o não menos célebre quadro de S. Pedro. É ele como a coroa e o vértice da Arte no templo dos monges Bernardos. É de pose majestosa a imagem de S. Pedro, o pincel deixou naquela tábua quinhentista, traços admiráveis de grandeza e virilidade e um acentuado naturalismo que nos recorda o génio de Gioto. O Santo, sentado num trono gótico-manuelino, revestido de pontifical e de tiara na cabeça, apresenta o gesto de abençoar, vendo-se num segundo plano, atravez de janelas abertas sobre a paisagem, duas cenas da vida do Apóstolo: à esquerda o encontro com Cristo quando fugia de Roma à perseguição(cena do Quo Vadis?); à direita, o chamamento ao apostolado.


Nas Festas de S. João de Tarouca
 Degustação de Gastronomia Típica
No mesmo lado e ao fundo do transepto, no altar chamado do Desterro sobressai o grupo escultórico da Sagrada Família enquadrado num políptico executado cerca de 1650 e representando as seguintes cenas: Fuga para o Egipto, o menino com seus Pais, sonho de S. José e a matança dos Inocentes. Na nave lateral do norte impõe-se a pintura do Arcanjo S. Gabriel, obra de Gaspar Vaz, em tábua de castanho com as mesmas dimensões da de S. Pedro; e na frente do transepto, as imagens seiscentistas de S. Bernardo, S. Bento, S.ª Umbelina e S. António, as duas últimas provenientes das capelas da cerca.

Confecionando os Tradicionais Milhos
A C.P.F. Portugal esteve presente
O retábulo do altar-mor, de boa talha joanina de cerca de 1702, enche o fundo da capela de paredes revestidas de azulejos alusivos à fundação do mosteiro, aparecendo a data errada de 1122 dada por Brito, em vez de 1152, por interpretação do X tracejado que valia 40 e não 10. São grandes painéis datados de 1718 e que se impõem pela sua elegância do traço e naturalidade das personagens. Do lado do evangelho, S. Bernardo sonha que S. João lhe pede para fundar mosteiro em Portugal; e o Santo envia os monges com cartas para D. Afonso Henriques. Do lado da epístola, os monges aparecem num prado à busca do lugar para a fundação, e faz-se o lançamento da 1.ª pedra. A sacristia, do lado esquerdo, construida em 1710, apresenta também paredes azulejadas, paramenteiro com bons apliques de bronzes, um relicário vazio e oito painéis medíocres da vida de S. Bernardo.



OUTRAS OBRAS DE ARTE:

Esculturas da Virgem com o menino, policromada, do século XVI; Virgem grávida e um S. Gabriel, pequeno, de calcário branco, desenterrada no lado de fora da porta da igreja; S. João Baptista.Azulejos seiscentistas cobrem arcos e paredes das naves laterais. No braço esquerdo da transepto poisa a mole granítica do sarcófago do Infante D. Pedro, filho natural de D. Dinis, autor do livro das Linhagens, falecido na próxima aldeia de Lalim, em 1354.


Sobre o colossal arcaz de granito, estende-se a majestosa estátua jacente do conde de Barcelos, varão hercúleo, de avançada idade, longas barbas aneladas, roupagens onduladas até aos pés, mãos empunhando uma espada. Numa das faces foi esculpida uma cena de caça: dois homens munidos de chuços e três molossos atacam um javali. Motivo semelhante se acha reproduzido na arca tumular da esposa, D. Branca de Sousa, hoje guardada no museu de Lamego: cavaleiro a galope, de lança em riste, investe contra um javali, enquanto junto do animal ferido um moço vilão, com lança pronta, aguarda o resultado.


Do recheio merece ainda referência o monumental órgão,com respectiva tribuna, encomendados em 1766 pelo abade D. Fr. Félix de Castelo Branco e que veio substituir outro ali instalado em 1711. Digna de nota a sumptuosa decoração em talha, os tubos dispostos horizontalmente e a particularidade duma personagem, sentada à frente da tribuna, de longas barbas e braços meio levantados. Sempre que o organista tocava, o boneco marcava o compasso com o braço direito e deitava a língua de fora.

Fonte: (P.e V. Moreira em Monografia do Concelho de Tarouca)



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UCANHA - TAROUCA - VISEU


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Ucanha é uma Freguesia Portuguesa do Município de Tarouca, pertencente ao Distrito de Viseu. Ucanha merece uma visita, não só pela única ponte medieval de origem Romana portajada, imaginem só, que já na idade média nos iam (utentes) ao bolso, uma infraestrutura de peso, embora a passagem seja bastante curta para a outra margem, mas já tinham inventado a forma de cobrarem pelo acesso. Neste caso os dividendos ao invés de irem para o estado, revertiam a favor dos Monges da ordem de Cister. Por baixo desta ponte correm bravas no inverno e mansas no verão as águas do rio Varosa. Ucanha está muito perto das caves da Murganheira, também dignas de uma visita, perto do mosteiro de Salzedas, e do que resta do Mosteiro de S. João de Tarouca. Pode ver tudo isto aqui no Portefólio do Portal AuToCaRaVaNiStA.



              HISTÓRIA:
Situada no centro-norte, na margem direita do rio Varosa, é uma das 10 freguesias do concelho e a vila mais antiga. Ucanha tem os seus limites do lado nascente pela freguesia de Granja Nova até S. Pedro, ponto de encontro das quatro freguesias - Salzedas, Ucanha, Granja Nova e Cimbres, esta já do concelho de Armamar; do lado sul, pela freguesia de Mondim da Beira, onde fica a povoação, também muito antiga, de Valdevez; do lado poente, pela margem direita do rio Varosa, até Torno; e do lado norte, pela margem esquerda da ribeira do Galhosa, desde S. Pedro até Torno, onde se encontra com o rio Varosa.



Foi sede de concelho que se extinguiu em 1836, data em que se anexou - com as suas 5 freguesias - ao concelho de Mondim, que se extinguiu mais tarde também. Inicialmente, chamou-se Vila da Ponte, Cucanha que evoluiu para Ucanha por dissimilição. É provável que no século XII-XIII já fosse Vila porque consta da doação que D. Afonso Henriques fez a D. Teresa Afonso.





Ex-Iibris da freguesia e do concelho é a sua Ponte Fortificada de Ucanha, notável construção medieval, referenciada como de origem romana. Na verdade, passava aqui uma das vias da romanização, de Braga aos Transcudanos. Em todo o caso, a subsistente é já seguramente obra medieval, substituta da primitiva.




A prova da antiguidade da ponte de Ucanha - refere-se no "Levantamento Arquitectónico e Artesanal do Concelho de Tarouca" -" é ser citada como antiga já antes de 1146, na carta de doação de Gouviães por D. Afonso Henriques ao seu monteiro Paio Cortês.


Só depois, sem dúvida no século XII, quando Egas Moniz era dono de Argeriz - que chegava aqui (...) - ou quando a sua viúva ficou dona da metade de Argeriz e de todo o couto - feito para ela pelo rei em 1152) ou, enfim, quando este couto passou ao mosteiro (...), ou seja, de qualquer modo no século XII, foi construído na testa da margem direita - onde hoje é a povoação da Ucanha, então chamada "vila' da Ponte, sendo Ucanha o sítio que aí se começou a povoar, originando uma povoação - um arco, provido da sua porta, e, sobre ele, um edifício para armazenar as portagens cobradas nesse arco pelo senhorio do couto - o mosteiro, desde 1155 - 1156) aos que nele entravam, seguindo a via romana de Lamego, o que tudo ainda se lembrava no século XVIII."


Acrescenta o citado "Levantamento Arquitectónico e Artesanal do Concelho de Tarouca": "A torre foi erecta (...) sobre um arco de portagem: percebe-se perfeitamente, ainda, a sua função; e a História confirma-a. Por um lado, tratava-se de uma passagem obrigatória, em que o azo da portagem - imposto de passagem - era flagrante, até porque a via passava a seguir pelo interior de um domínio senhorial; por outro lado, porque, de facto, ficou a existir em 1155-1156 o outro domínio, ou seja, o couto do Mosteiro de Salzedas, que limitava o rio, e os monges não podiam deixar de colher rendimentos da passagem.»

Fonte; www.cm-tarouca.pt

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SALZEDAS - TAROUCA - VISEU












Apontamento AuToCaRaVaNiStA:


Salzedas é uma Freguesia Portuguesa, pertencente ao Concelho de Tarouca, Distrito de Viseu.
Este é mais um grande Mosteiro Português, primeiramente pertenceu à ordem de S. Bernardo, tal qual o seu vizinho de S. João de Tarouca, para depois reverter mais tarde para a Ordem de Cister. O Portal AuToCaRaVaNiStA teve o privilegio de conversar com o Sr Padre responsável pelas obras de requalificação do Mosteiro de Salzedas, que partilhou a sua preocupação com a falta de verbas para concluir o restauro.


Na altura da visita ainda havia muito para fazer, mas deu para ver que é uma grande obra, mais uma das ordens religiosas do nosso País. Estes são os nossos maiores tesouros, a fazem parte da nossa melhor história. Quem visita estes tesouros, releva a capacidade de construção e de Engenharia daquele tempo, e despreza as construções atuais e os engenheiros do século XX e XXI e provavelmente os seguintes. Porque será? Não esquecer de visitar também o bairro Judeu, que apesar de estar a ruir, ainda vale a pena arriscar dar uma vista de olhos.






               HISTÓRIA:
Datando de meados do século XII o início da construção da igreja, foi em 1163 que Afonso Henriques doou o couto de Argeriz a Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, para legá-lo posteriormente aos monges beneditinos do mosteiro de Salzedas. Sujeito a diversas campanhas de obras ao longo dos séculos, sobretudo no tempo de D. João III, foi, contudo, nos sécs. XVII e XVIII que o conjunto assistiu à sua mais profunda remodelação, dela resultando a actual fachada da igreja, a reforma estilística do seu interior, bem como a reconstrução dos claustros.



Na sequência da extinção das Ordens Religiosas (1834), seria a vez dos monges abandonarem definitivamente as suas instalações, enquanto nos sécs. XIX e XX se procedeu à desamortização parcial dos bens monásticos, altura em que um particular adquiriu a cerca e parte do conjunto construído.




Como consequência deste conjunto de ocorrências, chegaram até nós raríssimos vestígios da sua primitiva construção, sendo apenas possível visualizar uma pequena capela absidal localizada no braço norte do transepto. Pode-se, assim, afirmar que o conjunto existente resulta quase em exclusivo das obras realizadas entre os sécs. XVI e XVIII, quando se construíram os dois claustros subsistentes, se remodelou o espaço interior da igreja, com a destruição da primitiva abside e absidíolos, e se refez por completo a fachada. O edifício, de planta cruciforme, é constituído por três naves de cinco tramos, um transepto saliente e cinco capelas absidais escalonadas. Exteriormente, a sensação transmitida é de imponência, apresentando-se o seu alçado principal de setecentos, com três amplas portas ao nível térreo, sobre as quais se abre idêntico número de janelas.

Encontram-se, no entanto, inacabadas as suas torres laterais devido ao início das invasões napoleónicas. Todo a restante edificação espelha bem o longo processo de degradação a que tem sido sujeita, embora seja ainda possível percorrer a Sacristia - com a sua abóbada de aresta assente em duas pilastras, mobiliário setecentista e alguns quadros alegóricos da vida de S. Bernardo -, a Sala do Capítulo com os seus painéis azulejares seiscentistas, o corpo da hospedaria, com a antiga residência abacial, para além de dois claustros resultantes das campanhas de obras quinhentistas e seiscentistas.


Será de igual modo importante referir que a acção levada a cabo pelos monges cistercienses sobre o território é ainda visível. A análise da distribuição espacial dos vestígios remanescentes - do conjunto edificado à cerca, e desta à paisagem envolvente - possibilitará o entendimento de todo o conjunto monástico. Facto este, que deverá ser tido em conta durante a realização de qualquer intervenção física integrada.


Encontrando-se concluído o levantamento das patologias, pretende-se proceder à investigação histórica e arqueológica do conjunto monástico, realizar diagnósticos decorrentes da tipificação das avarias, prevendo-se a execução faseada dos projectos de intervenção, atendendo às prioridades estabelecidas pela necessidade de estabilização física.


Fonte: www.cm-tarouca.pt



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VARZEA DA SERRA - MONTE DE SANTA HELENA - TAROUCA


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O Monte de Santa Helena, fica situado na Freguesia de Várzea da Serra, pertencente ao Município de Tarouca, Distrito de Viseu. Subindo por estrada estreita (autocaravana) alcançamos o cimo da também denominada Serra de Santa Helena, para desfrutar de uma vista bastante abrangente de uma vastíssima área do Território Tarouquense. No cimo do monte, que tem área de lazer, existe uma Capela, e uma Lapa que supostamente serviu de habitação a uma única habitante daquela serra, de nome Carolina, uma espécie de ermita, que viveu e morreu naquele local belo mas isolado, local onde o seu corpo foi sepultado.
Descendo a serra, e explorando um pouco a aldeia de Várzea da Serra, que já foi Município, destacamos a sua granítica Igreja Matriz, o Pelourinho, as Capelas, a fonte granítica de 2 bicas, etc.




          HISTÓRIA

Se a vontade férrea dos homens e mulheres de outros tempos nos legaram um vastíssimo património histórico-cultural e arquitectónico, também a natureza foi pródiga em dotar Tarouca de um património natural ímpar.
O Concelho de Tarouca, devido ao seu relevo montanhoso, possui inúmeros recantos de onde é possível desfrutar das belíssimas paisagens que compõem o cenário da região.
No monte de Santa Helena, local de passagem obrigatória, o visitante poderá usufruir de uma visão surpreendente sobre todo o vale e serranias. Aqui, num ambiente bucólico, os visitantes encontram um parque de merendas onde vale a pena gozar alguns momentos de repouso. É também possível a prática de parapente, escalada e outros desportos radicais.
Situada na ponta sudoeste do concelho, para lá do alto da serra de Santa Helena, numa extensa várzea, dista cerca de dez quilómetros da vila de Tarouca.


Considerada por antonomásia a povoação serrana do concelho, está rodeada de cumes que atingem mais de mil metros de altitude, que a abrigam das investidas dos ventos. Elevado planalto, cai, a nordeste e noroeste, para o rio Barosa e seu afluente, antigamente denominado Barosela. É no território da freguesia de Várzea da Serra que nascem estes dois rios: descem, em direcção oposta — norte e sul —, cercando a serra de Santa Helena, apertam-na nos seus flancos, como duas grandes antenas, e correm, fertilizando campos, movendo moinhos, em quase todas as freguesias do concelho, até se fundirem um no outro, perto de Mondim, e assim seguirem até desaguar no rio Douro.



Descrevendo a freguesia da Várzea da Serra, A. de Almeida Fernandes, na sua obra “As Dez Freguesias do Concelho de Tarouca”, refere que “a sua morfologia é realmente a de uma “várzea” orientada de poente para nascente (com a povoação no extremo ocidental), a coberto das fracas elevações do monoclinal que do vale de Tarouca figura de serra e por isso serra se chama — a Serra de Santa Helena. Essa extensão é ravinada por numerosas linhas de água, sendo as maiores os cursos iniciais dos dois rios principais do concelho de Tarouca, os quais aqui nascem”.



A fundação de Várzea da Serra deve datar dos princípios da Nacionalidade. Talvez os seus primeiros habitantes fossem colonos do Minho, que aqui se vieram estabelecer, como a outros lugares do concelho. E as casas mais antigas bem se assemelham, como em nenhuma outra freguesia, às construções minhotas, como se um fragmento dos povoados do Norte fosse transplantado para aqui.
No princípio do século XIII já era vila. Foi seu donatário o conde de Barcelos, D. Pedro, filho bastardo de D. Dinis.




Foi uma das dez terras rurais de Portugal privilegiadas com o foro de beetria (anexa à de Britiande), que, na alta Idade Média, lhe conferia o direito de eleger e tomar livremente os regedores que mais lhe conviessem para a sua defesa e bem-estar, podendo ainda destituí-los quando faltassem aos deveres que lhes incumbiam como tal ou quando traíssem a Pátria.
As beetrias são uma herança de Castela, como os municípios são uma herança de Roma. As beetrias portuguesas, porém, eram de mais restritos privilégios. 




Enquanto que em Espanha os povos que gozavam deste privilégio escolhiam e destituiam o senhor ad nutum (sem condicionalismos), em Portugal deviam escolhê-lo da corte e ficava esta escolha dependente da aprovação real. E só os destituiam nos casos anteriormente apontados. Foi por isso que estas instituições, muito mais democráticas do que as concelhias, tiveram uma existência mais tranquila do que no reino vizinho.


Ainda assim, no século XVI, Várzea da Serra e algumas das outras vilas com os mesmos privilégios (Amarante, Mesão Frio, Britiande, Vila Marim, Cidadelha, Canaveses, Paços de Gaiolo, Louredo, Galegos, Santo Isidro e Campo Benfeito) sustentaram um célebre pleito que correu perante o juízo da Coroa. Este pleito não chegou a ter despacho final, porque D. João III ordenou antes o sequestro de Várzea da Serra e a incorporou na Coroa. Assim terminava ingloriamente o bravo gesto desta vila, lutando, contra o próprio soberano, em defesa do seu privilégio medieval.

Anos volvidos, no século XVIII, teve esta povoação de sustentar nova luta e outra vez contra senhores poderosos: a questão era agora com os limítrofes — Tarouca, Mezio (concelho de Castro Daire), Lalim e Lazarim (Lamego) e o couto da Ermida.
Extinta a sua beetria, sem senhor a defender esta vila, levantaram-se em volta ambições a cobiçar-lhe os montados, que são ainda hoje factor importante da sua riqueza. Várzea da Serra apareceu na arena, mas agora só, contra inimigos poderosos, e venceu.


A 10 de Maio de 1678 veio à freguesia o corregedor de Lamego com a sua numerosa alçada, estudou a questão e, por fim, resolveu-a com honra para esta vila, empossando-a nos seus montados, e assinalou-lhes limites como providência a evitar futuras extorsões.
Várzea da Serra foi concelho, extinto no ano de 1834. Desde 1898 que faz parte do concelho de Tarouca.
Do património monumental da actual freguesia constam o pelourinho e a casa da cadeia, lembrando a existência do antigo concelho; as ruínas da antiga igreja matriz; a nova igreja paroquial; antigas minas de estanho, onde actualmente se extrai scheelite; as interessantes casas de granito com beirais em granitos e, algumas, cobertas de colmo.


Fonte: jf-varzeadaserra.pt



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